quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Bosque

Tempos atrás eu era vizinho de um médico cujo "hobby" era plantar árvores no enorme quintal de sua casa. Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias. O que mais chamava atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava.
Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito para crescer. Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava. Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.
Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima. Como ele não as regava, as árvores demorariam mais par crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das vária fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo. Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais resistentes às intempéries. Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.
Logo depois fui morar em outro país, e nunca mais o encontrei. Vários anos depois, ao retornar do exterior fui dar uma olhada na minha antiga residência. Ao aproximar-me, notei um bosque que não existia antes. Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho!
O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadaas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno, entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as suau árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda. Que efeito curioso, pensei eu... As adversidades pela qual aquelas árvores tinham passado, tendo sido privadas de água, apreciam tê-las beneficiados de um modo que o conforto, o tratamento mais fácil, jamais conseguiriam.
Todas as noites, antes de ir me deitar, dou sempre uma olhada em meus filho, debruço-me sobre suas camas e observo como têm crescido. Frequentemente, oro por eles. Na maioria das vezes, peço para que suas vidas sejam fáceis: " Meu Deus, livre meus filhos de todas as dificuldades e agressões desse mundo". tenho pensado, entretanto, que é hora de alterar minhas orações. Essa mudança tem a ver com o fato de que é inevitável que os ventos gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos. Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações para que as dificuldades não ocorram, têm sido ingênuas demais. Sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar, portanto, pretendo mudar minha orações.
Queiramos ou não, a vida não é muito fácil. Ao contrário do que tenho feito, passarei a fazer de tudo para que meus filhos cresçam com rízes profundas, de tal forma que possam retirar energia das melhores fontes, das mais divinas, que se encontram nos locais mais remotos, de modo que, quando as tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, poderão resistir bravamente, ao invés de serem subjugados e varridos para longe.



( Autor Desconhecido)

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